Mr. Chat está na festa


Imagem: Josh Gosfield

Já vou logo dizendo: ainda não usei o Chat GPT. Ainda. Estou tomando coragem, e talvez isso diga algo sobre mim.

Não. Não costumo ser conservadora – ao contrário, em se tratando de inovação em educação, sou até que avançadinha. Quer ver? Em 1977, quando eu tinha 17 anos, escrevi (a mão, num caderninho brochura; com caneta vermelha e azul) uma “instrução programada” de mais ou menos 50 páginas com as principais regras gramaticais do inglês. Para quem não sabe o que é uma instrução programada, lá vai: é uma aplicação educacional desenvolvida pelo psicólogo Skinner (1904) que visa, principalmente, a memorização de conceitos. Basicamente, o material era dividido em módulos e conceitos encadeados. Era assim: o aprendiz recebia uma instrução. Na sequência era questionado sobre ela e imediatamente corrigido. Se acertasse a questão, deveria seguir adiante com as instruções; se a errasse, deveria retornar a um ponto específico da instrução.

É claro que não tive todo este trabalho sem propósito: dei o caderninho para uma pessoa que se queixava de que precisava aprender aquelas regrinhas básicas de inglês no pouquíssimo tempo livre que tinha para aprender a nova língua…

Deu certo? Ah, deu sim. Em verdade, me animei com os resultados e comecei a gravar (em fita cassete) resumos de capítulos de livros sobre economia e administração… Neste momento, lá pela década de 80, eu acho que já tinha me tornado a precursora do EAD… E, ao final do meu curso de Letras, costumava dizer que também tinha terminado outra graduação… – sem nunca ter assistido a uma aula.

Sim, posso me dizer uma pessoa receptiva às “inovações” – embora não tenha ainda me aventurado pelo tal Chat… A questão é mesmo ética, eu acho… De certa forma, eu percebi a burrada que fiz quando joguei meus dados na rede e, meio que me arrependo… E, pelo que dizem, o tal Chat – permita-me chamá-lo assim – é o primo mais novo, mais poderoso e mais esperto do Google…

Apesar disso, tenho uma visão bastante particular sobre o assunto: em se tratando de educação – e falo isso porque já passo dos 30 anos nela – é impossível desconvidar o Chat para o meeting, ou seja, deixá-lo de fora da Escola.

Penso que é preciso admitir que Mr. Chat já está andando pelos corredores da Escola. E há algum tempo…. A festa já começou, e há mais motivos para trazê-lo para o centro do salão do que para jogá-lo na sarjeta… Até porque é impossível controlá-lo; regulá-lo se não for através do nosso senso de ética… É preciso dar-lhe uma cadeira para sentar, oferecer-lhe uma bebida, conhecê-lo melhor antes que ele esteja escolhendo a música que toca no salão… Não nos esqueçamos… Ele é o primo mais novo, mais poderoso e mais esperto do Google…

No melhor dos cenários, coloco a minha criatividade para se divertir, e crio uma modesta utopia na minha cabeça: que a escola seja sempre um lugar para perseverar na ética. Se assim o for, então o Mr. Chat pode ficar e ocupar seu posto, sua cadeira. E, quando ele estiver assim, acomodado, quero olhar para ele e lhe dar a importância de um bibelô distoando na mobília… Não me vejo “baixando a guarda” com ele… Mas não deixarei de oferecer a ele um lugar. Gosto de me arriscar na inovação.

Se o Mr. Chat não consegue ser todo trabalhado na ética – e isso é quase certo, pois já temos um exemplo de como pode ser o caráter da família (desculpe-me se rolou um micropreconceito aqui…) – então, da minha parte, posso dizer que ele ocupará, até que me prove o contrário, uma cadeira bem durinha no canto da sala… Mas, se ele provar sua ética, então darei a ele tarefas importantes; como a de transformar os alunos em pesquisadores e cientistas… Ou em defensores poderosos de tudo que promover a cultura da não violência…

Mr. Chat está na festa!

Ah! Mais 2 coisinhas:

No final deste texto tem um link com a opinião do professor Luís Guedes, da FIA Business School sobre o Mr. Chat. Vale a leitura.

Outra coisa: estou a procura de quem deseje fazer uns experimentos com o Chat GPT na escrita de gêneros variados de textos… Quem quiser, é só chamar!

https://www.msn.com/pt-br/noticias/educacao/escolas-devem-usar-chatgpt-para-potencializar-aquisi%C3%A7%C3%A3o-de-conhecimento-diz-especialista/ar-AA1atoyb?ocid=msedgntp&cvid=6671141788904e489a9e7aa371621631&ei=12

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *