Joana, a Storyteller

Este tema assunto me toca muito – e com certeza vai tocar você… Mas, particularmente porque ele nunca vem fácil na vida de ninguém… Nossa, como é complicado falar delas… Das histórias que envolvem o luto…

Mas, ainda assim, eu garanto: é ainda mais complicado falar do luto  quando se pensa em criança, adolescente, jovem…

Parece que não combina , né gente?

Eu nem teria coragem de  escrever sobre isso! Não sendo  professora… Muito menos sendo mãe… É, porque quando eu  imagino crianças, adolescentes e jovens… Filhos… Estudantes… Nem em sonho os vejo em experiências assim.

Juro pra vocês que essa ideia de ver todo mundo como storyteller sempre me levou para lugares de  esperança… Mesmo com histórias difíceis… Tenho exemplos incríveis do que ouvidos adocicados podem fazer com as histórias dos outros… Mas a narrativa é um mecanismo de aprendizagem poderoso, mas às vezes a gente entra nela desavisada…

Tudo começou quando li um post da Joana:

Hoje temos 529 mil registros de morte por Covid e, além desse número, há outro no boletim, das mortes ainda não registradas no sistema, mas já comunicadas: 1648. Faça as contas do horror disso. Imagina quantas crianças e adolescentes perderam pais, irmãos, avós… mães que perderam seus pais, seus filhos. Essas crianças, adolescentes, mães e pais, que são também professores, estão retornando para as aulas presenciais. Como ensinar e aprender nessas condições? O que se pode fazer para acolher alunos e professores que estão vivendo uma dor insuportável pela perda de alguém?

Na resenha, ela continua:

O stress intenso causado pelo trauma, ou stress pós-traumático, consome tanta energia do cérebro que fica difícil pensar, se engajar ou manter foco. Pensamentos criam emoções fortes sem que consigamos controlar esse fluxo. Vivi isso diversas vezes na minha vida. A primeira foi aos 7 anos, quando perdi minha avó, que era quem eu considerava ser a pessoa que cuidava de mim. Ela era, pelo menos, quem me acalmava do medo do escuro da noite.

Eu sentia uma falta absurda dela e julgava, na minha cabecinha de 7 anos, que ela sofria do mesmo jeito lá no céu. Eu sabia o quanto ela sentia falta de mim quando eu estava na escola e sofria porque não podia mais aliviar essa falta daqui da Terra. Mas foi justamente na escola que encontrei o refúgio que me possibilitou lidar com minha dor porque percebi, então, que não doía mais o tempo todo.

E só então finaliza:

Quero deixar claro que sou contra o retorno às aulas nesse momento.  Mas se não há escolha para muitos, que esses professores e alunos com dores, encontrem um refúgio na escola, para não doer o tempo todo.

Importante… Essa mensagem vale também para o caso do não retorno às aulas presenciais, pois ainda assim os professores podem  ajudar nossos alunos a esquecer, por algumas horas, a sua dor.

Não foi a primeira vez que me vi diante de uma narrativa tão transformadora. Em 2018 descrevi uma experiência assim e ela está registrada no Diário Porvir de Inovações (página 71). Ali você vai encontrar duas narrativas. Uma delas tem apenas alguns segundos, mas é de tirar o fôlego. É também o que acontece com a narrativa da Joana, que pude registrar em no podcast Eu, Storyteller. Você pode ouvir estas histórias nos links abaixo:

Diário de Inovações Porvir 2018 (página 1): Baixe ebook gratuito Desafio Diário de Inovações 2018 – PORVIR

Carta aos Professores, por Joana Assunção: https://podfollow.com/1530861236

Ou no Spotify: https://open.spotify.com/episode/5fWxj6s68RXjbjttoZA54L?si=NFcLmPaDSpuBKXl91hS6pQ&utm_source=copy-link&dl_branch=1

A Narrativa é um mecanismo de aprendizagem poderoso: abre para o conhecimento do outro.  Mas há algo mais que precisamos saber: a gente nunca está preparada para isso.

Obrigada, Joana.

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