Feito árvore no chão

Bom saber da existência dos outros. Passar a vida feliz, pensando que eles estão sempre por lá, paradinhos, como árvore nascida na densa floresta. Nenhuma saudade, nenhuma nostalgia, nenhum remorso, nenhum músculo alterado por ela. Pensando bem, para quê? Afinal, tudo está sempre ali, paradinho; onde sempre deveria estar, sem causar incômodo, curiosidade, desconfiança, medo de perder. Perigo algum – nenhuma chance de me tirar o fôlego. É cedo para arrepender-se.

Assusta quando a vida movimenta, faz ventar, tempesteia, carrega pra longe as folhas ainda verdes, arranca o fruto sem aviso. Permite apodrecer.

Bom seria saber desde o começo que a existência dos outros não finca feito árvore no chão.

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