Bombom – Parte II

Esta história também é sobre bombons. Mas não só. Ela é sobre um sentimento que eu não sei bem nomear – e talvez você possa me ajudar nisso.

Foi ontem que eu sai de casa para comprar seis bombons. Dos bons, como eu gosto. E então aconteceu algo que eu adoro quando acontece. A isso dou inicialmente o nome de “oportunidade.”

Estava no caixa, esperando a minha vez para pagar. Logo à minha frente, uma mocinha comprava muitos deles, sortidos, junto com umas balinhas de gelatina que eu sei, são deliciosas. Provavelmente uma encomenda. Um gerente presenteando funcionários. Olha, as pessoas compram bombons pra valer, viu?

Eu seguia na fila, com meus humildes e deliciosos bombons, quando um homem de uns 30 ou 40 anos entra na loja. Bem vestido, até: bermuda, tênis e camiseta branca.

Estranhei o boné. “Um hipster” – eu pensei. É, eu concordo: costumo me perder nos detalhes, mas, na maioria das vezes, eles me salvam. Foi o que se deu.

O homem entrou na loja e foi direto falar com o gerente. As poucas palavras que trocaram não foram suficientes para revelar exatamente porque o homem estava lá. Perguntou sobre uns bombons vermelhinhos e o gerente desconversou. Disse que esse ano não tinha bombons vermelhos. O homem de bermuda ainda insistiu, depois de passar os olhos na prateleira de bombons, mas o outro desconversou novamente:

“Esse ano não” – Repetiu secamente.

O homem de bermuda ainda insistiu duas ou três vezes na pergunta, que não encontrou resposta:

“Nesse ano não? Nesse ano não? Nesse ano não?”

Foi a minha mania de me perder nos detalhes – e, dessa vez, no boné meio “hipser” do homem, que me fez entender o que estava se dando.

O homem de bermuda já saía da loja quando eu me aproximei do caixa. Ainda tive tempo – e oportunidade – de me virar para pegar mais um bombom. Vermelhinho.

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