Muito se fala sobre a importância da comunicação criativa e empática.
Como se fosse fácil. Estas duas palavras, que fazem parte do rol de competências socioemocionais – as chamadas soft skills – são fundamentais aos indivíduos, e podem ser desenvolvidas ao longo de toda a vida. Entretanto, a gente sabe que, à medida que se cresce, é preciso muita persistência para não se afastar delas.
Ser criativo, por exemplo: essa é uma competência fundamental para quem ingressa no mundo do trabalho, e dela decorre outra: a flexibilidade. Em resumo, ser criativo é deixar a inteligência se divertir e se adaptar às mudanças. Sem birras. É claro que muitas das atividades que nós, adultos, realizamos não exigem boas doses de criatividade – e ainda bem, pois, senão, estaríamos todos em uma bela enrascada.
No que diz respeito a ser empático, a coisa é bem pior; ainda mais porque dessa competência decorre outra na vida real: a de ser colaborativo. Quantos de nós estamos dispostos a repensar nossas ações levando em conta os desafios de outra pessoa? O fato é que é mais fácil ser empático com situações hipotéticas ou distantes da própria realidade, do que com aquelas que estão sob o nosso nariz.
É claro que em tudo isso há particularidades, verdades e inverdades. Mas, você há de concordar comigo a este ponto que não é fácil ter uma comunicação criativa e empática. Muito menos objetiva. Engajada.
Exemplos não faltam nas redes sociais. Primeiro, porque ali, invariavelmente, as pessoas querem apenas responder, e neste feito, apenas dizer o que pensam e precisam. Segundo, porque o afastar-se da verdade não é necessariamente uma preocupação por ali – é só um comentário, um ponto de vista que vai se perder dentre tantos… Terceiro, porque empatia é um conceito abstrato: o bom mesmo é garantir aprovação da ‘bolha’ a que pertencemos nesta rede; sem pretensão de salvar o mundo – e perdoem-me se estou sendo cruel demais.
Também nas redes profissionais é possível sentir o mesmo – se bem que mais moderadamente. Fácil explicar tal comedimento: nas redes profissionais estamos sendo supostamente observados e elas nos servem, por vontade, de ‘vitrine’. Por isso tudo isso me surpreendi tanto quando li um texto da Bruna no LinkedIn – ao mesmo tempo tão criativo e empático. Honesto.
Bruna Castro Alves, que prefere ser chamada apenas de Bruna Castro (até agora não entendi o porquê ela dispensa um sobrenome tão poderoso), começa um post assim:
Em 2005 eu tive a oportunidade da minha vida…
Quebrando todas as expectativas o texto segue, absolutamente diferente, criativo, honesto e marcado por uma empatia incomum, muito humana. A verdade é que, por mais que a gente se iluda, nada nos assegura que, ao final de uma história triste e difícil, haja apenas superação. Pois que é isso que as pessoas normalmente vendem nas redes sociais ( e profissionais): superação, sucesso, modelos, fórmulas, perfeições, desenvolvimentos, alegrias, realizações; e por aí vai. Há muito o que saber da história de uma pessoa entre a primeira e a última linha. Veja só como ela termina o texto:
Não vem com ‘o que passou, passou’. Não passou não; vai estar pra sempre aqui comigo.
É só isso mesmo: a Bruna Castro falando verdades.